Sobre buscas e fugas
Existe uma pergunta muito comum entre os nômades que é: “o que você está buscando”?
E talvez ela oculte uma indagação ainda melhor, que é: “do que você está fugindo”?
Esses ciganos que somos, sem paradeiro, julgados como perdidos na vida, com frequência iniciam a jornada ou com uma busca, ou com uma fuga. As respostas à primeira pergunta são sempre os mesmos clichês: autoconhecimento, encontrar meu papel no mundo, independência, blá, blá, blá.
E se desenrolam argumentos para justificar uma atitude tão aparentemente infundada de vagar por aí. Um ato que quebra padrões familiares e, principalmente, as expectativas de muita gente.
E, com o passar do tempo, dos eventos e das órbitas, enfim a necessidade da fuga se desfaz, a busca pelo eu perdido se dissipa e nos conhecemos o suficiente a ponto de retornar pro lugar de onde saímos, sem dor.
E o retorno, que parece ser o fim da jornada, na verdade é o maior e grande teste da nossa reconciliação. Quando se é possível voltar ao ponto em que fomos feridos ou ao lugar onde nos perdemos, e enxergar as mesmas pessoas, situações, lugares, com novos olhos (o olhar de quem passou por profunda reforma), e então sentir felicidade, aí sim sabemos que não se trata mais de fuga, nem de buscas.
É nesse precioso momento que o nomadismo começa a tratar-se de sentido, de liberdade de viver e da apreciação plena do presente momento, com total ruptura das amarras. Nesse momento em que ficar é tão bom quanto partir, é que a jornada do nômade se torna leve e a escolha de alçar novos vôos é motivo somente de tranquila felicidade.
Se você é nômade, me conta se você se identifica e quais as tuas motivações.
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“Nesse momento em que ficar é tão bom quanto partir, é que a jornada do nômade se torna leve e a escolha de alçar novos vôos é motivo somente de tranquila felicidade.”
Perfeito!!!